Museu de Arte Contemporânea Lusitânia / Frederico Valsassina Arquitectos

© FG+SG – Fotografia de Arquitectura

A presença dominante do Palácio de Porto Covo enquanto testemunho arquitectónico e a volúpia dos seus jardins foi condicionante para o desenho do novo espaço museológico da Companhia de Seguros Lusitânia, a erguer no interior do quarteirão existente. Uma intervenção deste género deveria impor uma linguagem coeva baseada na sobriedade e simplicidade dos elementos arquitectónicos, de modo a dar continuidade e profundidade ao jardim e, simultaneamente, enfatizar o efeito cénico do Palácio.

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Nesta óptica, assumiu-se a plataforma enquanto elemento gerador de espaço, reflexo directo (marca construída) da topografia acidentada que caracteriza o topo norte do terreno. Mais uma vez as preexistencias influenciam a forma arquitectónica, visto que as plataformas aqui sobrepostas crescem a partir de superfícies anteriormente sugeridas.

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Sucedem-se, então, novos planos, posicionados a cotas distintas, que demarcam e hierarquizam as diferentes partes que integram o edifício – sublinha-se um tecido cujos limites assumem uma natureza intersticial, informal, em que o movimento e a mutação se apresentam como indicadores de espaço.

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Embora marcante na composição do objecto arquitectónico a plataforma surge, porém, diluída no próprio terreno, reduzindo ao máximo a presença dos corpos edificados. À imagem do que agora encontramos nos jardins do Palácio, é um grande plano de pedra de lioz que denuncia a construção e que formaliza o objecto. Assumido como rótula dos planos que aqui se sucedem este muro introduz o factor surpresa como dínamo da proposta. Por outro lado, dada a naturalidade da pedra em si, este elemento – bissectriz da intervenção – surge quase com prolongamento artificial do jardim, responsável pela dualidade entre natural e construído, consequentemente, pela relação acesa entre interior e exterior.

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No interior, sucedem-se espaços hierarquizados pela posição que ocupam e pela configuração específica que adoptam, estabelecendo relações diversificadas com os espaços exteriores envolventes. Conceptualmente existiu uma lógica de flexibilidade que permite tipos distintos de utilização, tornando mais versátil a sua apropriação.

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O edifício desenvolve-se em quatro níveis distintos, multiusos. Os diferentes níveis comunicam entre si através da manipulação das lajes e com o exterior através da criação de aberturas controladas – jardins artificiais que permitem a iluminação natural dos espaços, projectando o espaço interior na fluida malha dos jardins. O negativo assume-se, consequentemente, como agente primordial na definição dos espaços, sendo a interligação das várias zonas de exposição, de estar e de circulação fortalecida pela presença constante da luz e dos vazios criados entre pisos.

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Paralelamente a estes espaços foi recuperado o edifício existente – “Club House”, de modo a permitir a instalação de uma cafetaria e de uma biblioteca, como zonas de apoio à estrutura do Espaço Museológico.

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Ficha técnica:

  • Arquitetos:Frederico Valsassina Arquitectos
  • Ano: 2004
  • Área construída: 2300 m²
  • Endereço: Rua de S. Domingos à Lapa Lisboa Portugal
  • Tipo de projeto: Cultural
  • Operação projetual:Requalificação
  • Status:Construído
  • Materialidade: Madeira e Pedra
  • Estrutura: Concreto
  • Localização: Rua de S. Domingos à Lapa, Lisboa, Portugal
  • Implantação no terreno: Adossado às 2 divisas

Equipe:

  1. Arquitectura: Frederico Valsassina
  2. Colaboradores: Sofia Salazar Leite, João Torres, Rita Amado
  3. Arquitectura Paisagística: Proap
  4. Fundações e Estruturas: JSJ
  5. Intalações Técnicas e Especiais: Joule / GET
  6. Instalações Hidráulica: Ductos
  7. Fotografia: FG+SG – Fotografia de Arquitectura
  1. Dono de Obra: Companhia de Seguros Lusitânia
  2. Conclusão da Obra: 2009

Sobre este escritório
Cita: Jorge Alves. "Museu de Arte Contemporânea Lusitânia / Frederico Valsassina Arquitectos" 10 Mai 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-47849/museu-de-arte-contemporanea-lusitania-frederico-valsassina-arquitectos> ISSN 0719-8906

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